segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Formando nossa Egrégora.

Salve, povo de Umbanda!


Hoje iniciamos um ritual importante na nossa Corrente: a oficialização da nossa Egrégora. Mas... O que é essa tal de egrégora?

De acordo com a Wikipédia: Egrégora, ou egrégoro (do grego egrêgorein, «velar, vigiar»), é como se denomina a força espiritual criada a partir da soma de energias coletivas (mentais, emocionais) fruto da congregação de duas ou mais pessoas.

Uma definição simples, mas ideal para nos fazer pensar. Egrégora seria então o corpo energético que nós criamos e que nos retroalimenta e nos impulsiona ao objetivo ao que foi criado. Em outras palavras, quando cada membro de uma Corrente se sintoniza num propósito, todos juntos criamos um corpo energético que sustenta este objetivo e nos impulsiona a ele. Isso torna a Egrégora um dos elementos mais importantes de qualquer corrente espiritual. É dela que os nossos Guias tiram a energia necessária pra nos ajudar nos trabalhos, para nossa proteção, para sustentação da nossa Casa, etc. 

Vale ressaltar dois pontos importantes:

1°- Uma egrégora não se sustenta sozinha! Precisamos nos sintonizar sempre, e direcionar energia a ela com frequência. Como? Tendo incorporado os fundamentos e as doutrinas da nossa Casa e vibrando sempre nossas melhores energias à Corrente. Sentimentos egoístas e invejosos, como se achar melhor que o irmão, achar que seu Guia é mais forte, mais bonito, mais antigo, mais qualquer coisa, etc, são atitudes danosas à Corrente. Tais atitudes enfraquecem a nossa egrégora.

2°- Egrégora não é artifício exclusivo de agremiações religiosas! Onde tem duas ou mais pessoas sintonizando o mesmo sentimento, alí se forma uma egrégora. Então, precisamos ter cuidado com o tipo de pensamento que sintonizamos na nossa casa ou no nosso trabalho, por exemplo. Se duas ou mais pessoas sintonizarem pensamentos de raiva, inveja, vingança, etc, forma-se ali uma egrégora que passa a retroalimentar seus criadores, na mesma intensidade com que seus criadores a alimentam, inclusive influenciando outras pessoas que passam por ali. Acredito que todos já tiveram sensações desagradáveis ao entrar em alguns lugares. 

Voltando a atenção para nossa Corrente, a missão da nossa Casa é a Caridade. Caridade com os que nos procuram na Assistência, e Amparo aos médiuns que precisam ser afinados para servirem de instrumento. Para isso, precisamos de Fé e Amor. Fé em Deus e nos seus enviados, e Amor para com o irmão do lado. Essa é a energia que precisamos emanar para a nossa egrégora todos os dias. 

Que a partir de hoje, cada um de nós assuma efetivamente o seu lugar nessa Corrente, reconhecendo sua importância e suas responsabilidades. Que possamos dar as mãos e juntos, como um único corpo, possamos alimentar nossa egrégora com Fé, Amor e Caridade, e que nossa egrégora nos renove sempre a Fé, o Amor e a Caridade.

Oxalá nos abençoe e nos faça felizes.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017


Na madrugada de ontem, minha esposa recebeu a visita desse velho amigo e mentor. Ela estava com dificuldades para dormir, e ele pediu um momento de sua atenção. " Você não gostaria de fumar um cigarro enquanto escreve um recado para o meu menino?". Este pequeno recado que se segue durou mais de três horas de conversa entre minha amada esposa e meu Preto Velho ao longo da madrugada. Sou eternamente grato a ele pela atenção comigo e com os médiuns da nossa Corrente. Apesar de sua pouca paciência, sempre esteve atento a tudo, nos doutrinando, amparando, e preparando para a vida. Segue então meu pequeno recado.

     "Eu promovo o movimento, a dinâmica da vida, a interação entre as forças do Criador e Suas criaturas. Também busco a evolução, a elevação e a superação como  Espírito. Já dizia Paulo:"não se iluda: Deus não se deixa escarnecer. Aquilo que o homem semeia, isso também terá de colher."
      Certa vez, me perguntaram sobre como fechar o corpo para não sofrer com a manifestação dos Guias. Fiquei bastante revoltado no início de minha jornada como Tatá, mas por mais que houvesse raiva, eu já era Guardião de uma Egrégora; não só Guardião, mas o Guardião Chefe daquela Casa. Não podia me silenciar. Disse ao médium, não mais tão novo naquela Corrente: 'Os Guias atuantes nesta Egrégora definem as orientações e fundamentos necessários para que os filhos saibam entender o caminho no qual escolheram trilhar, e a energia dada por eles é exatamente que você é capaz de suportar. É importante que todos entendam que não desperdiço meu tempo e minha energia com quem  julga as manifestações espirituais como sofrimento, mas não observa os locais que frequenta, alguns destes demasiadamente sujos em termos de energia; quando se carrega o orgulho e não se leva suas aflições ao seu doutrinador, esperando que sejam adivinhadas pelo mesmo.'
     Existem vários rituais deixados de herança, além de orientações frescas, trazidas à Terra pelos Guias. Fui estúpido e realista. Nem sempre fui educado, mas naquela noite pude me lembrar de que eu vivi exatamente aquilo tudo na Terra, por uma carência de orientação sobre minha mediunidade. Por isso hoje deixo um recado de muitos que hão de vir aos sacerdotes:

Consequências de má orientação mediúnica

  • A falta de comprometimento e de esclarecimento sobre doutrinas existem em muitas casas, o que pode comprometer o físico e a mente dos filhos de santo. 
  • Não se deve iniciar qualquer médium que não tenha dentro de si a certeza de sua caminhada. Para obter a real certeza, exite a Assistência.
  • Deve-se dar tempo para o médium esclarecer em seu interior se os trabalhos daquele ambiente são certos ou errados antes de se submeter ou se filiar àquela Corrente, afinal este "certo" ou "errado" é absolutamente interno e individual. Isso reduz o fluxo de médiuns entrando e saindo da Corrente sem motivos aparentes.
  • Deve-se deixar claro que nem todos os médiuns são de incorporação, e que o mesmo, estando ali, deverá desenvolver sua trajetória. Da mesma forma, os Ogãs e Cambones precisam estar cientes de que a qualquer momento a Espiritualidade pode fazer uso de seu corpo para manifestações.
  • A mediunidade deve ser desenvolvida passo a passo, e cada um com a sua individualidade, para que se possam superar inseguranças ou desequilíbrios.
  • Todo desenvolvimento depende da segurança e da competência do Chefe do Terreiro encarnado, bem como do grupo de Espíritos Dirigentes dos trabalhos na Casa. Afinal, os trabalhos religiosos aqui na Terra necessitam da união físico x espiritual. Sem a energia humana, ou fluido animal, não é possível a ação dos Espíritos no vosso nível vibracional.
  • O Dirigente encarnado não é e não será o dono da verdade, nem das pessoas. Quando isso acontece, a mente se corrompe e não se ouvem limpas as orientações espirituais. Observe sua conduta como médium e Chefe de Terreiro o tempo inteiro. Se questione, e aí a sua vontade nunca será a mais importante. Isso vale para os médiuns em desenvolvimento.
  • Quando o Sacerdote se entrega ao ego, gerando sua queda, nós, Seres Espirituais, não compactuamos com seus erros, porém respeitamos sempre sua liberdade de escolha. Esperamos ansiosamente sua recuperação para prosseguirmos com os nossos trabalhos.
  • Não compactuamos com trabalhos que surgem por mera vontade do médium. Isso será de sua total responsabilidade, bem como de seu orientador físico. Não punimos por isso. A maior punição é a carga de sua irresponsabilidade. 
  • Antes de desenvolver mediunicamente um recém chegado, deve-se observar se o mesmo não é um médium obsidiado. O desenvolvimento sem tratamento gera desequilíbrio ainda pior que a obsessão. Doentes precisam ser medicados. Desenvolvimento mediúnico não é o remédio. A mediunidade perturbada pela obsessão ou desequilíbrio físico é como erva daninha, e não merece incentivo. Isso é perigoso. Tudo tem o seu tempo.
  • Um médium mal orientado não sabe identificar, travar, tão pouco filtrar mensagens boas de mensagens oriundas dos obsidiadores. Cuidado para não desenvolver obsessores. 
  • A mediunidade não causa demência, nem loucura; mas obsidiadores usam de portas indevidamente escancaradas, se instalam e trazem enfermidades mentais. Não se culpa a porta quando se entra um ladrão. A porta é apenas a via aberta para a negligência. Deve-se observar cautelosamente a conduta dos médiuns. Notando-se indícios anormais, deve-se levar aos Mentores da Casa. MORAL SADIA, HÁBITOS DISCIPLINADOS.
  • Humildade, Paciência, Dedicação e Renúncia são quatro polos para o caminho da Evolução Mediúnica. Orgulho, Prepotência, Arrogância e Calúnia são degraus traiçoeiros. A mediunidade é uma balança que deve viver em equilíbrio. Se desequilibrada, pode trazer desilusões , ausência de fé, extravagância, danos físicos, e todos devem estar alertas. Porém, isto nunca deve ser motivo para a desistência de uma caminhada e desenvolvimento espiritual. A Umbanda é como mágica: é linda e fascinante. Porém, como todo truque, seu desvendar não faz com que se perca a essência do início.

     A Umbanda fala ao coração, e em Deus tudo se faz. Somos firmadores da mensagem de Deus. Devemos despertar com Deus, ou Ele nos despertará. Por isso somos gratos. Esvaziar a mente das lembranças ruins é difícil, filho, mas é um ato de fé. Deus é uma presença. Antes de tentarmos modificar os outros e o mundo, mudaremos a nós. Essa é a missão. Os outros e o mundo só mudam se você mudar. Coração e mente resignados são capazes de mudar vidas. 
     Que nesta caminhada, não sejamos escravos do egoísmo. Se você precisa de lã, obrigatoriamente você será tosquiado. Eu carrego a força de Zambi, ou de Deus, como preferir. Minha missão nessa Egrégora é aliviar fardos, ajudar no fortalecimento e orientação dos filhos, para que bem orientados sejam capazes de carregar o peso do seu próprio sofrimento, segurando nas mãos dos filhos que sucumbirem. Mas cada um há de colher o que se plantou. Se planta-se vento, recebe-se a tempestade. Planta-se luta, colhe-se vitória, pois Deus olha para os que lutam, e eu também. Sei que este começo não é fácil. Mas filho, não se renda às coisas ruins, nem ao egoísmo. Tudo aquilo que te fores ensinado, ensine! Às vezes as coisas dão errado só para você se desviar para o caminho que é certo.
     Antes Tata Caveira, Hoje Pai Benedito de Aruanda. Já fui Pai Caetano, Pai Firmino, Exu Caveira, Pai Dindó, Vovó Manuela. No mais, seu amigo, seu mentor, seu irmão mais velho."



Pai Eduardo Salles