quinta-feira, 5 de abril de 2018

Você não é Insubstituível!


Salve salve!!!

             Venho trazer um recado trazido nesta madrugada, ditado para a nossa Mãe de Santo pelo nosso querido Boiadeiro Navizala.



          A Egrégora está dentro de nós e sobre nós! Cada médium representa um elo de uma grande Corrente; a intenção da casa de Benedito não é padronizar os elos e sim ter elos firmes. Quando um elo por si só se rompe, ele passa pela decisão de se remendar ou de não mais fazer parte dessa Corrente! Sim, filhos, é opcional!
          Sobre o Terreiro, existe uma Egrégora formada por essa junção de intenções que cada elo produz. Se todos vibram em uma boa sintonia, é como se comparássemos a uma boa música...é prazeroso de se ouvir e sentir!
          Agora se temos uma Egrégora com variações de intenção, é como se ouvíssemos uma rádio com interferência na transmissão. Este “chiado” seria exatamente as intenções contrárias.
          Justamente por prezar por “um som em harmonia”, Pai Benedito não tem receio em remover elos rompidos, paralizados pela vaidade e omissão! Aos médiuns, saibam que vocês são seres de extrema importância! Se você chegou a se vincular a Corrente Espiritual de um Terreiro, saiba que você tem um papel muito importante neste lugar e seu papel é servir! Servir de instrumento de Caridade para o próximo!
Mas médium, você de forma alguma é insubstituível! Não importa quantos anos você tem de trajeto espiritual, o Terreiro não irá deixar de funcionar se você não estiver lá. Não importa o quanto você é participativo financeiramente; o Axé não se compra...na sua ausência, ainda funcionaremos.
Ou seja, você é substituível!
Filtre seus pensamentos negativos, filtre a fofoca, mentira, inveja, e o principal: o ego! Ao chegar no Terreiro, se dispa de todo o seu status, diploma, pompas...entre apenas com um coração aberto a servir e se permita transbordar de bons fluidos. Seja contaminado pela alegria e humildade.
A Umbanda é amor, fé e caridade. Não necessitamos das melhores roupas, tão pouco das melhores bebidas e fumos. Nossa maior necessidade são que nossos instrumentos estejam com o corpo e o coração limpos.
Não cabe praticar a Caridade apenas dentro do Terreiro; leve-a para dentro de casa, do trabalho...a caridade é levar amor ao próximo, é fazer pelos outros e pelos seus o melhor sem esperar nada em troca. Afinal, a Caridade é voluntária.
Pense Nisso.
Boiadeiro Navizala.


Texto auto explicativo. Saravá.
Pai Eduardo Salles

terça-feira, 27 de março de 2018

Aprendi a Amar

Um dia desses sentada com Pai Benedito de Aruanda, estávamos falando sobre as dificuldades de um Pai e Mãe no Santo.
Parecia que todas aquelas palavras abraçavam meu coração, que velho sábio!!

Logo após fui conversar com uma mãe no santo que já tinha 95 anos com Pelo menos 60 anos de umbanda,ela se referia a função de mãe de santo como babá de orixá. Dona Lindalva era lúcida não parecia ter quase um século na terra.
Ela contou para nós seus relatos nessa caminhada, e confesso que por ironia do destino ela falou muito sobre ingratidão.

Após essas informações toda, eu parei para pensar o quanto que já sofri e sofro com a ingratidão e o quanto fui uma filha ingrata.
Benedito dizia: vão falar de você,seja você boa ou ruim, vão dizer coisas que você nao faz,dentro e fora de um terreiro.

Vão lhe dar abraço fraternos de puro amor,mas quando você der as costas tornarão a falar mal de você, e isso vai doer,Deus não dá fardos que não podemos carregar, mas ele também não dá os mais leves. Vão revirar os seus bolsos e você só será útil enquanto tiver algo para oferecer que seja benefícios para os próprios,quando suas pernas fraquejar você não será tão útil mais, e tornarão a falar mal de você,e buscarão outro terreiro é só irão falar de seus defeitos!

Mãe Dalva: tive mais de 50 anos de terreiro,tive muitos filhos de santo,mas a meses estou mal e me questiono, cadê alguém para me ajudar? Eu já não tinha mais forças, então ontem me batizei na igreja universal e a menina cuidou muito bem de mim.

Eu não tive uma mãe de santo presente em minha caminhada,quando entrei pro terreiro logo após ela sofreu um AVC,ao retornar tinha limitações, e outras pessoas estavam "no comando" confesso que murmurei muitas vezes e pensei em desistir.
Mas ainda assim o axé dela manteve aquela casa aberta, e gratidão por isso,ela carregava olhos de cuidado para mim.

Baseado na minha experiência com minha mãe de santo, busquei tudo aquilo que não tive naqueles momentos e decidi me disponibilizar aos meus filhos,cuidar,ser presente, doutrinária, educadora e motivadora.

Ser mãe de santo é um caminho árduo,confesso que não imaginava que era assim! É perder noites de sono buscando soluções junto ao espiritual para os problemas dos filhos,e eles ainda assim acharem que você não está se preocupando ou que você só tem ele pra olhar.
Ser mãe de santo é lutar todos os dias para mostrar pro seu filho que a umbanda não é uma moeda de troca e nem um comércio de fé.
Ser mãe de santo é proteger seus filhos,seu terreiro,seus consulentes,contra a maldade do mundo daqueles que usam de sua prepotência para fazer o mal, e muita das vezes absorve essa carga para si! Mas não podemos fraquejar,pestanejar, tão pouco pensar em desistir.

Mas poucos se esquecem que apesar de sermos preparados para essa caminhada,somos médiuns como outros médiuns,apenas carrego no peito um coração para abraçar todos como um filho consangüíneo.
E dou as costas para que bata em mim,punhais, ingratidões que não quero que caia sobre meus filhos.
Mas ainda sim,quando me perguntam se eu gosto de ser mãe de santo, minha resposta é eu aprendi a amar cuidar de gente, orientar, educar, abdicar do meu tempo de qualidade para oferecer uma mão de afago a alguém.
Além disso sou privilegiada,meu irmão mais velho caminha ao meu lado,meu esposo,e Pai de santo junto comigo na casa de Benedito.
Já o vi sem dormir,preocupado,virando noites montando apostila,deixando de ter vida social para estar no terreiro, confesso que já me estressei muito (rsrsrs) mas hoje eu tenho orgulho de caminhar ao lado dele.
Eu tenho orgulho da mão que passou sobre minha cabeça! Que oxalá guarde minha mãe de santo
Tenho orgulho do meu pai que me libertou ( salve a força de águia negra)
Tenho orgulho do meu irmão que me orientou a todo tempo,que me deu força para perseverar. (Salve a força de Pai Eduardo)
Tenho orgulho dos meus filhos (Salve a coroa de cada um deles)
E sim, eu tenho orgulho do axé que carrego!

Saravá!

Mãe Nathalia Salles

segunda-feira, 26 de março de 2018

Quaresma e Semana Santa


     Salve, povo de Oxalá!

     Hoje vamos falar sobre Quaresma.

     Temos recebido várias indagações sobre a Quaresma na Umbanda. Existe uma variedade de interpretações sobre esta prática nos Terreiros, e estas interpretações ficam a critério das doutrinas de cada Casa. Primeiro, vamos entender o que significa Quaresma.

O que é a Quaresma?


     O Tempo da Quaresma é o período do ano litúrgico que antecede a Páscoa cristã, sendo celebrado por algumas igrejas cristãs, dentre as quais a Católica, a Ortodoxa, a Anglicana, a Luterana.

      A expressão Quaresma é originária do latim, quadragesima dies (quadragésimo dia). O adjetivo referente a este período é dito quaresmal ou, mais raro, quadragesimal[6].

    Em diversas denominações cristãs, o Ciclo Pascal compreende três tempos: preparação, celebração e prolongamento. A Quaresma insere-se no período de preparação.

     Os serviços religiosos desse tempo intentam a preparação da comunidade de fiéis para a celebração da festa pascal, que comemora a ressurreição e a vitória de Cristo depois dos seus sofrimentos e morte, conforme narrados nos Evangelhos.

     Esta preparação é feita por meio de jejum, abstinência de carne, mortificações, caridade e orações.

     A cor litúrgica deste tempo é o roxo, que significa luto e penitência. É um tempo de reflexão, de penitência, de conversão espiritual; tempo e preparação para o mistério pascal.


     Por isso, a Quaresma é o tempo do perdão e da reconciliação fraterna. Cada dia, durante a vida, devemos retirar de nossos corações o ódio, o rancor, a inveja, os zelos que se opõem a nosso amor a Deus e aos irmãos. Na Quaresma, aprendemos a conhecer e apreciar a Cruz de Jesus. Com isto aprendemos também a tomar nossa cruz com alegria para alcançar a glória da ressurreição.



     Ou seja, a Quaresma é uma preparação para a Semana Santa, praticada em algumas doutrinas Cristãs, fundamentalmente pela Igreja Católica. Mas, e na Umbanda, como funciona?

     Algumas Casas, as mais ligadas às práticas católicas entendem a Quaresma como um momento de reflexão; outras entendem que este é o momento em que o Espiritual avalia o desenvolvimento e o merecimento dos médiuns da Corrente, e por isso cumprem este recesso; A Tenda de Benedito entende que o Terreiro funciona como um Hospital Espiritual, e é inviável que se pare um Hospital por tanto tempo. Apesar de recebermos fortes influências do Catolicismo, fundamentamos a nossa doutrina na prática, e na prática, as pessoas precisam de amparo a todo tempo, inclusive na Quaresma. Médiuns e Assistência encontram-se em tratamentos que, se interrompidos por quarenta dias, podem trazer alguns efeitos danosos, e dobraria o trabalho dos Sacerdotes e Mentores da nossa Casa. Eu fui feito numa Casa que tinha esta orientação doutrinária e vivi estes efeitos na pele, tanto como médium em desenvolvimento, quanto como Pai Pequeno.

     Mas e as reflexões que a Quaresma nos propõe? Eu parto do pressuposto que são reflexões que temos que fazer constantemente, e não em períodos específicos.Na nossa Casa, direcionamos estas reflexões na Semana Santa. Afinal não é válido abraçar uma doutrina pela metade; como falar de quaresma sem falar de jejum, de períodos de prece, sem freqüência nas missas? Entendo que, como uma Tenda de Umbanda, devemos focar nossas doutrinas nos fundamentos de Umbanda, e os ensinamentos de Cristo devem ser abraçados nas nossas práticas, de forma constante e por tempo indeterminado. Mas claro que isso não nos exime do dever de respeitar a orientação doutrinária das Casas que cumprem este recesso. Cada Casa tem a sua orientação física e espiritual e todos nós temos a obrigação de respeitar.


SEMANA SANTA

     Ora, se não temos a prática da Quaresma, por que paramos na Semana Santa?

     Nós entendemos a Semana Santa com um simbolismo mais específico, que acrescenta a nós uma reflexão mais profunda e mais ligada a Cristo. A Semana Santa nos traz o sentido de Morte e Ressurreição de Cristo; nos ensina que o Homem que foi recebido como Rei em Jerusalém foi levado à morte pelos seus “súditos”. Este foi o momento em que o Homem Perfeito, Filho de Deus na Terra, temeu a morte já anunciada, mas ainda assim confiou na sua missão, se entregou à cruz e venceu a morte! A Semana Santa nos ensinou que o perdão é sempre válido, em todas as circunstâncias. Cristo foi traído pelos que os seguiam, foi negado três vezes pelo discípulo que afirmou ir com ele para a cruz, recebeu a pior punição na época, foi crucificado junto com ladrões, e perdoou tudo. Perdoou seus discípulos, o povo pra quem Ele foi enviado, perdoou até um dos ladrões, que havia se arrependido! Cristo nos ensina a transitoriedade da morte e da vida, o sentido constante de se morrer e nascer. Claro que Cristo, na magnitude do seu Espírito, nos ensina em alto estilo, através da ressurreição! Mas nos ensina que, quando morremos para o homem velho, o homem novo ressurge melhor, mais leve. Quando morremos para o nosso ego, para a nossa raiva, para os impulsos negativos da vida, renascemos mais iluminados. Olha quanta reflexão a Semana Santa nos traz!

     Entendo que uma semana para nos retirarmos da nossa rotina espiritual e refletirmos sobre tudo isso, junto com a nossa família, é fundamental. Como uma Tenda Cristã, o respeito ao simbolismo da morte e ressurreição de Cristo é imprescindível.

     Neste momento, fortalecemos o nosso Espiritual em Oxalá, nos sintonizamos com a energia da Fé que Oxalá nos irradia e refletimos sobre a nossa vida; sobre o que precisa morrer e renascer melhor em nós.

     Este é o sentido da Semana Santa para nós. Que cada um possa se propor a estas reflexões, e que possamos voltar da Páscoa um pouco melhores, mais leves...que a gente consiga entregar a Oxalá o que precisa morrer em nós, para que Ele nos faça renascer.

     Oxalá nos abençoe.

     Pai Eduardo Salles



segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

O que a Umbanda tem a oferecer?

Salve, meu povo!

E lá vamos nós para a nossa primeira dinâmica do ano: O que a Umbanda tem a oferecer?

Este é o terceiro texto que eu escrevo sobre este tema. Os outros dois foram miraculosamente apagados, contrariando a habilidade deste blog de salvar tudo automaticamente nos rascunhos. Tem sido difícil colocar em palavras a contradição entre o pouco que eu recebi de resposta com esta dinâmica (menos de um terço da Corrente) e a realidade com a qual tenho me deparado neste quase um ano de funcionamento ininterrupto da Tenda de Benedito.

Primeiro, a nossa realidade: pensamentos egoístas, competições desnecessárias, posturas físicas e espirituais incoerentes com os nossos fundamento, exagero, desejos incabidos, e por aí vamos. São diversas demandas com as quais temos que lidar como sacerdotes e que certamente não são exclusividade da nossa Tenda. Temos aprendido muito com tudo isso.

Mas então... O que a Umbanda tem a nos oferecer?

Aparentemente, vendo a postura da maioria das pessoas ao se depararem com o Terreiro, nos parece que na cabeça dessas pessoas, a Umbanda tem a nos oferecer a solução de todos os nossos problemas. Me parece que são responsabilidades da Umbanda: caminhos abertos, pra que eu enriqueça rápido; cura imediata das minhas doenças físicas; plenitude imediata nos meus relacionamentos; saltos espirituais gigantescos; vamos parar na superfície. Não vale a pena aprofundar. Como sacerdote, tenho visto posturas que indicam serem esses os anseios de tantas pessoas que cruzam as portas da nossa Tenda, tanto a nossa assistência quanto muitos dos nossos médiuns. Se esquecem que são parte ativa no processo de conquista de tudo isso citado aí em cima. Ou seja, pra que eu tenha caminhos abertos, eu preciso me esforçar, arregaçar as mangas e ir pra luta, e principalmente aniquilar as posturas que mantém meus caminhos fechados... E mesmo assim, enriquecer nunca será por um passo dado no Espiritual; para que eu atinja a cura das minhas doenças, eu preciso me tratar, oras. Seja num tratamento espiritual, caso minha doença tenha cunho espiritual, ou num médico, caso seja uma doença física. Mas em ambos os casos, ainda assim eu teria que ter algumas mudanças de postura; plenitude no relacionamento é algo que se constrói com muito esforço, alguma renúncia e muito respeito. O Espiritual não faz por você o que cabe a você fazer; sobre os saltos espirituais, um segredo: mediunidade é carma! Ninguém recebe o anúncio de médium e deve esperar se tornar o próximo
David Copperfield da Umbanda! Ser médium não é fácil muitas vezes, principalmente no início do desenvolvimento mediúnico. Aprender a lidar com um sentido novo, que muitas vezes não interage com os demais que a gente já conhece, mas que influencia todo o corpo, não é tarefa fácil. Se abre uma porta espiritual para que toda a espiritualidade se manifeste, seja boa ou ruim, e sempre será assim, pois este é um dos principais fundamentos da nossa religião: "Aprender com os que sabem mais, ensinar aos que sabem menos, e a nenhum virar as costas.".

Mas então, se a Umbanda não é o mercado de milagres que muitos pregam, se não é aquele lugar em que os espíritos estão sempre dispostos a atender a todas as nossas vontades egoístas, o que a Umbanda tem a nos oferecer?

Pois é, meus caros. A Umbanda nos dá força. Nos dá força pra lutar pelos nossos relacionamentos, nos dá força para nós abrirmos o nosso caminho, nos dá força para aprendermos a lidar com toda essa ferramenta cármica que é a mediunidade. A Umbanda tem a audácia de tirar de nós toda a nossa máscara, as nossas armaduras, e nos fazer permitir ser quem nos verdadeiramente somos, para então tentarmos uma auto transformação. Mas a Umbanda é tão respeitosa, mas tão respeitosa, que só nos despe se a gente se abrir a isso. Caso contrário, ficamos pairando no Terreiro como um corpo inerte, boiando num mar à deriva, vendo os que estão à nossa volta seguirem, e nos perguntamos "o que estamos fazendo aqui? Por que isso não acontece comigo?". Um médium que esqueceu de se abrir ao espiritual, que preferiu sentar e esperar as coisas acontecerem...esqueceu que precisa ser ativo no processo, que Deus não manda nada de paraquedas pro nosso colo.

Enfim, a Umbanda me oferece a Fé de Oxalá, a Justiça e o Equilíbrio de Xangô, o Amor de Oxum, a Força de Ogum, a Consciência de Iemanjá, a Fartura e o Conhecimento de Oxóssi, o Movimento de Iansã, a Resignação de Nanã, a Transformação de Omulu, a Alegria da Beijada, o Vigor dos Caboclos, a Sabedoria dos Pretos Velhos, a Proteção dos Exus. Mas pra gente receber tudo isso, a gente tem que querer! Tem que fazer por onde! Tem que fazer a nossa parte! NUNCA vamos receber nada de graça.

Que a partir de hoje, a gente possa adquirir o hábito de nós questionarmos se estamos agindo certo com a Umbanda. Não com o sacerdote, mas com a religião. Se estamos respeitando o chão que a gente pisa, respeitando os fundamentos que abraçamos, se estamos fazendo a nossa parte. E, principalmente, que possamos refletir todo dia sobre o tema da nossa próxima dinâmica: O QUE EU TENHO A OFERECER À UMBAMDA?

Saravá, meu povo.

terça-feira, 7 de novembro de 2017

Mensagem do Caboclo das Sete Encruzilhadas

Salve meus caros!

Hoje venho compartilhar com vocês uma mensagem do Patrono da nossa Umbanda, o Caboclo das Sete Encruzilhadas, retirada do blog http://umbandamagia.blogspot.com.br/2015/09/mensagem-do-caboclo-das-sete.html. Créditos totais aos nossos irmãos! Vamos ler.

Um dos últimos discursos do Caboclo das Sete Encruzilhadas em Zélio Fernandino de Moraes: 

 "A Umbanda tem progredido e vai progredir. É preciso haver sinceridade, honestidade e eu previno sempre aos companheiros de muitos anos: a vil moeda vai prejudicar a Umbanda; médiuns que irão se vender e que serão, mais tarde, expulsos, como Jesus expulsou os vendilhões do templo. 
       
O perigo do médium homem é a consulente mulher; do médium mulher é o consulente homem. É preciso estar sempre de prevenção, porque os próprios obsessores que procuram atacar as nossas casas fazem com que toque alguma coisa no coração da mulher que fala ao pai de terreiro, como no coração do homem que fala à mãe de terreiro. É preciso haver muita moral para que a Umbanda progrida, seja forte e coesa. Umbanda é humildade, amor e caridade – esta a nossa bandeira. Neste momento, meus irmãos, me rodeiam diversos espíritos que trabalham na Umbanda do Brasil: Caboclos de Oxossi, de Ogum, de Xangô. 

       Eu, porém, sou da falange de Oxossi, meu pai, e não vim por acaso, trouxe uma ordem, uma missão. Meus irmãos: sejam humildes, tenham amor no coração, amor de irmão para irmão, porque vossas mediunidades ficarão mais puras, servindo aos espíritos superiores que venham a baixar entre vós; é preciso que os aparelhos estejam sempre limpos, os instrumentos afinados com as virtudes que Jesus pregou aqui na Terra, para que tenhamos boas comunicações e proteção para aqueles que vêm em busca de socorro nas casas de Umbanda. 

       Meus irmãos: meu aparelho já está velho, com 80 anos a fazer, mas começou antes dos 18. Posso dizer que o ajudei a casar, para que não estivesse a dar cabeçadas, para que fosse um médium aproveitável e que, pela sua mediunidade, eu pudesse implantar a nossa Umbanda. 

       
A maior parte dos que trabalham na Umbanda, se não passaram por esta Tenda, passaram pelas que saíram desta Casa. 

       Tenho uma coisa a vos pedir: se Jesus veio ao planeta Terra na humildade de uma manjedoura, não foi por acaso. Assim o Pai determinou. Podia ter procurado a casa de um potentado da época, mas foi escolher aquela que havia de ser sua mãe, este espírito que viria traçar à humanidade os passos para obter paz, saúde e felicidade. 

        Que o nascimento de Jesus, a humildade que Ele baixou à Terra, sirvam de exemplos, iluminando os vossos espíritos, tirando os escuros de maldade por pensamento ou práticas; que Deus perdoe as maldades que possam ter sido pensadas, para que a paz possa reinar em vossos corações e nos vossos lares. Fechai os olhos para a casa do vizinho; fechai a boca para não murmurar contra quem quer que seja; não julgueis para não serdes julgados; acreditai em Deus e a paz entrará em vosso lar.    

É dos Evangelhos. Eu, meus irmãos, como o menor espírito que baixou à Terra, mas amigo de todos, numa concentração perfeita dos companheiros que me rodeiam neste momento, peço que eles sintam a necessidade de cada um de vós e que, ao sairdes deste templo de caridade, encontreis os caminhos abertos, vossos enfermos melhorados e curados, e a saúde para sempre em vossa matéria. 

       Com um voto de paz, saúde e felicidade, com humildade, amor e caridade, sou e sempre serei o humilde Caboclo das Sete Encruzilhadas"

Este texto é suma relevância a todo espiritualista umbandista. Traz em suas entrelinhas, muitas profecias e a mensagem de consolo a todo trabalhador da Seara de Umbanda encarnado e desencarnado


Obs.: Em 1971, a senhora Lilia Ribeiro, diretora da TULEF (Tenda de Umbanda Luz, Esperança, Fraternidade – RJ) gravou uma mensagem do Caboclo das Sete Encruzilhadas, e que bem espelha a humildade e o alto grau de evolução desta entidade de muita luz. 

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Demanda da Mente

Salve, gente boa.

          O tema da dinâmica desta semana foi “Demanda da Mente”. Eis um tema delicado, e de suma importância dentro do Terreiro. A mente é a ferramenta de trabalho mais utilizada pelo Espiritual Superior, e o maior alvo do Espiritual Inferior. A atuação no campo mental é tão sutil, que muitas vezes somos influenciados positiva e negativamente e nem percebemos!

          Mas...e a dinâmica, como foi?

          Nossa Corrente apresentou uma aderência incrivelmente melhor a esta dinâmica, com uma percepção bastante clara do conceito de Demanda da Mente. Acredito que isso tenha se dado devido às diversas experiências pessoais que me foram relatadas nas respostas e nos nossos Estudos. Todos nós sofremos com este tipo de demanda em algum momento da nossa vida, com uma freqüência mais ou menos perceptível, e isso fez com que quase todos se interessassem pelo tema. Fiquei bastante satisfeito com o resultado. Mas vamos lá!

          Primeiramente, o que significa demanda?

          Esta é a definição encontrada no site www.dicio.com.br:

Procura; ação ou efeito de demandar, de buscar: a demanda desse produto aumentou; esse trabalho demanda muito esforço.

Litígio; o processo e/ou a ação judicial: demanda judicial.

Luta; ação de combater ou confrontar de maneira violenta.

Reivindicação; ação de exigir, reivindicar, de demandar esforços para recuperar algo que pertence a outra pessoa: demanda de recursos.

Contestação; em que há disputa ou discussão; debate repleto de polêmica.

Interrogação; ação de perguntar ou indagar.

Em demanda. Que está procurando alguma coisa; em busca de.


          Uma palavra bem abrangente, mas que no nosso contexto espiritual, a definição no ponto “Luta” se enquadra perfeitamente. Demanda então seria a ação de confrontar de forma violenta. Mais especificamente, podemos dizer que Demanda da Mente seria a ação de confrontar em pensamento [ou ser confrontado em pensamento] de forma violenta.
          Nossa mente, como dito anteriormente, é uma excelente ferramenta de atuação. Ela constrói, significa e ressignifica toda a nossa realidade. No Espiritual, é com ela que captamos a maior parte das informações espirituais, e com ela as significamos para a nossa realidade física. Em contra partida, as influências negativas de uma demanda da mente são extremamente danosas, pois comumente não atentamos para a qualidade daquilo que pensamos, e como já temos “por natureza” certa dificuldade de organizar e direcionar nossos pensamentos, estas influências negativas se misturam com incrível facilidade aos nossos próprios pensamentos fragilizados, nos influenciando absurdamente, sem que percebamos.
          Acho que já deu para perceber como este tema é urgente e delicado. Como precisamos desenvolver e exercitar constantemente a habilidade de cuidarmos daquilo que ronda os nossos pensamentos! Este tipo de energia mental negativa muitas vezes nem tem um contra ponto no físico. Muitas vezes, não tem uma vela acesa, um despacho arriado, para que soframos este tipo de demanda. Muitas vezes, é só energia mental se sintonizando com energia mental, de pessoas e/ou espíritos.
          Na nossa dinâmica, quase todos apontaram os pensamentos negativos como sendo os principais causadores da demanda da mente. Inveja, raiva, ciúmes, vingança, egoísmo, olho grande... estas foram expressões presentes em quase todas as respostas. Mas alguns desdobramentos de demanda da mente surgiram nas respostas também: auto demanda, e demanda NA mente. Então, vamos falar um pouco mais sobre a diferença entre demanda DA mente, demanda NA mente e auto demanda. Apensar de todas elas serem partes de um mesmo processo, acho importante apontarmos as diferenças.

          Demanda NA Mente

A demanda NA mente acontece quando nós começamos a receber estas setas negativas na nossa mente. De repente, aparecem pensamentos pessimistas a respeito de nós mesmos, ou a respeito do Terreiro, ou a respeito de algum irmão de santo, mas este pensamento não tem nenhuma relação com o que a gente sente ou pensa de fato. Neste ponto, nós nos encontramos em uma posição passiva em relação aos pensamentos.  Quando conseguimos identificar estas setas neste período, o tratamento normalmente é bem mais eficaz. O problema é quando estas setas conseguem encontrar as brechas mentais, as nossas fraquezas mentais, e a gente começa a tomar estes “pensamentos” como verdadeiros...

Demanda DA Mente

          Neste momento, estas setas conseguiram influenciar nossos pensamentos, e aquela idéia sem sentido de que determinado irmão não vai com a sua cara se torna verdade dentro de nós, e começamos e emanar esta energia de volta, misturada aos nossos próprios pensamentos. Aí, entram de fato a inveja, o ciúme, o mal olhado, etc.
          Importantíssimo ressaltar que não significa que as influências externas são as únicas causadoras da arrogância, da prepotência, dos ciúmes, etc. Não é isso. Nós somos falhos, não podemos esquecer. Muitas vezes nós mesmos somos ciumentos, invejosos, prepotentes, julgadores, etc. O que a demanda da mente faz é identificar estas falhas em nós e entrar por elas, direcionando essas nossas falhas a pessoas específicas, com o objetivo mais escuso possível. Em outras palavras, você não é invejoso porque sofre obsessão para ser assim. Você é invejoso porque você é invejoso mesmo, e o que o obsessor faz é direcionar isso que já existe em você para te prejudicar e prejudicar os outros.
          Mas então, estas são as brechas mentais que a gente abre neste processo. Os nossos vícios do ego, além de serem os gatilhos que nós mesmos acionamos para cairmos na nossa caminhada espiritual, ainda podem servir de brecha para estas setas negativas vindas de fora. Por isso a urgência de termos o hábito freqüente de nos policiar, de nos auto analisar, de reconhecer as nossas fraquezas sem medo, para que a gente possa agir sobre elas. Caso contrário, acabamos nos tornando ativos neste processo de demanda, e adquirimos parcela de responsabilidade de toda e qualquer energia negativa emanada por nós.

Auto Demanda

Mas e a tal da auto demanda? Esta nada mais é do que a enxurrada de pensamentos negativos, internos (oriundos dos nossos próprios vícios do ego) ou externos, que têm por finalidade nos paralisar, nos maltratar, nos danificar. Enquanto da demanda da mente nós podemos ser instrumentos para queda de qualquer pessoa, na auto demanda nós somos instrumento para a nossa própria queda.

Meus caros, vamos cuidar daquilo que anda perambulando pela nossa cabeça! Vamos desenvolver o hábito de questionar. “Será que este pensamento é meu mesmo”; “Por que eu estou pensando isso do meu irmão? Eu nem sei o que ele passa dentro de casa...quem sou eu pra julgá-lo?” Será que é a minha Casa Espiritual que está errada, ou sou eu que estou errado diante dela?”... Estes são excelentes questionamentos para barrar a demanda NA mente...para impedir que nos tornemos ativos neste processo negativo de obsessão.
“Será que isso que eu vou contar pro meu irmão é verdade mesmo?”; “Será que vale a pena fazer essa fofoca? Que utilidade vai ter?”; “Por que eu quero fazer isso? Isso realmente é bom pra mim?”; Questionamentos excelentes para barrarmos a demanda da mente e a auto demanda.
          Precisamos entender, com a máxima urgência, que SEMPRE SOMOS ATIVOS EM TODOS OS PROCESSOS ESPIRITUAIS. EM DEMANDAS “TRADICIONAIS” OU EM DEMANDA DA MENTE, SEMPRE TEMOS NOSSA PARCELA DE RESPONSABILIDADE.
          Somos seres humanos...sempre seremos falhos enquanto formos seres humanos. Precisamos entender que somos nós que nos mudamos, nos moldamos. Não podemos colocar a responsabilidade inteira nas costas do Espiritual. Precisamos entender que não é vergonha ser falho! Todos nós somos! É muito mais bonito reconhecer as nossas falhas e tentar amortecê-las, do que tentar esconde-las do universo e, sem perceber, exalá-las pelos poros de forma tão clara que algumas vezes chega a assustar os olhos externos.
          Isto é ser um médium ativo. É se policiar o tempo todo para não ser instrumento de discórdia e nem brecha de demanda. É se entregar com honestidade à Espiritualidade, e permitir que eles nos afinem, para sermos instrumentos mais agradáveis. É entender que este processo muitas vezes é doloroso e demorado, mas é melhor sofrer por um tempo com um tratamento verdadeiro, do que viver de ilusão, e ir morrendo aos poucos.
          Que os nossos pensamentos sejam cada vez mais bem sintonizados com o Alto; que tenhamos cada vez mais habilidade de driblar nossos vícios do ego, e assim fecharmos todas as portas das Demanda da Mente. Que possamos executar cada vez mais plenamente uma mediunidade saudável.
         
           Que Oxalá nos abençoe e nos proteja, hoje e sempre.


          Pai Eduardo Salles.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Médium Ativo!

Saravá, gente boa!!!

Vamos pegar um gancho na nossa dinâmica do Ego, e falar um pouco sobre a participação ativa dos médiuns no seu processo de desenvolvimento? Vamos sim. Mas antes, eu queria começar pela parte “negativa” desta participação. Vamos falar sobre o que acontece de fato quando um “vício do ego” age no nosso desenvolvimento. Vamos falar então de vaidade, prepotência, medo, timidez, pré julgamento, impaciência, inveja. Vamos lá!

Vaidade


- qualidade do que é vão, vazio, firmado sobre aparência ilusória.

- valorização que se atribui à própria aparência, ou quaisquer outras qualidades físicas ou intelectuais, fundamentada no desejo de que tais qualidades sejam reconhecidas ou admiradas pelos outros.

- avaliação muito lisonjeira que alguém tem de si mesmo; fatuidade, imodéstia, presunção, vanidade.

- coisa insignificante, futilidade; vanidade.

A vaidade é o traço vicioso do ego mais fácil de identificar, mais comum nos médiuns novos, ainda inexperientes e desconhecedores dos fundamentos da nossa Religião, e o maior alvo da direção espiritual do TUBA. A vaidade, como a própria definição nos aponta, é vazia e mentirosa. Num âmbito espiritual, eu achar que sou o melhor porque meu Guia faz algo interessante, ou que meus Guias merecem a melhor roupa, a melhor bebida, o melhor adereço, tudo isso funciona como a principal ferramenta para que se corte a sintonia, numa Religião em que um dos principais pilares é a humildade. Somos somente instrumentos. Os nossos Guias não são nossos de verdade. Só firmaram um acordo de caminhada conjunta conosco. Mas também vivem a humildade na Umbanda. Para se estar num terreiro de Umbanda, precisamos nos aliar diariamente à humildade, ao espírito de sacrifício, à caridade. É uma caminhada laboriosa, muitas vezes doloridas, e não tem espaço para que se permita um desfie de orgulho e vaidade.

Prepotência

- característica do que é prepotente.

- poder mais alto.

- abuso do poder ou de autoridade; opressão, tirania, despotismo.

- tendência para o mandonismo, esp. se se possui alguma vantagem, como riqueza, poder, força física etc.

A prepotência é o desvio do nosso ego que nos engana, quando nos faz acreditar que realmente somos superiores aos nossos irmãos, principalmente quando começamos a dar alguns passos no nosso desenvolvimento, e acabamos recebendo algum cargo, ou entregamos algumas Obrigações e entendemos que estamos prontos para menosprezar aqueles a quem acreditamos estar abaixo de nós. Prepotência é irmã do autoritarismo, e é completamente repreensível, tanto no espiritual quanto no físico. Na nossa Casa, eu e Mãe Nathália, como Sacerdotes da Casa, nos colocamos como iguais, em termos de importância, aos nossos filhos. Ora, se os Sacerdotes têm esta postura, quem abaixo deles teria o direito de fazer diferente?
Não podemos esquecer que a Umbanda é sim uma Religião hierárquica, mas esta hierarquia não nos dá super poderes. De forma alguma. Muito pelo contrário. Quanto mais caminhamos no nosso desenvolvimento, mais somos cobrados a termos espírito de sacrifício. Mais trabalhos de caridade aparecem, e se não amortecemos a nossa prepotência, não tem quem aguente.
Na nossa Casa, a quem mais é dado, mais é cobrado, e nenhum cargo é sinônimo de poder. Cargos e Obrigações são proteções para o trabalho, e não poder. Todos nós, na mesma medida, temos os mesmos poderes, as mesmas capacidades. Somos todos importantes na mesma medida, e da mesma forma, nenhum de nós é insubstituível. Precisamos tomar muito cuidado com a prepotência, pois ela nos coloca num altar, e a gente sempre se machuca quando cai dele.

Medo

- psic estado afetivo suscitado pela consciência do perigo ou que, ao contrário, suscita essa consciência.

- temor, ansiedade irracional ou fundamentada; receio.

- apreensão em relação a (algo desagradável).

O maior dano que o medo pode trazer para o nosso desenvolvimento espiritual é a paralisação. Por medo, eu me travo, não permito manifestações, não permito contatos espirituais, às vezes não permito nem o meu próprio ingresso numa Corrente Mediúnica. A questão é que ninguém é chamado para um trabalho espiritual sem que tenha uma Coroa Espiritual para o amparar. Existem diversos espíritos empenhados basicamente em nos fazer cumprir a nossa missão e cumprir a própria missão conosco. Isso é lindo, mas requer de nós a coragem para nos abrirmos a novas experiências...experiências estas que são únicas. Ninguém tem uma mediunidade exatamente igual à outra. Nós a categorizamos para facilitar a didática, mas o Espiritual se manifesta de uma forma singular para cada um de nós. Precisamos tomar cuidado para que o medo do desconhecido não nos prive de experiências fantásticas com o espiritual, e de trabalhos espirituais bastante importantes para o nosso desenvolvimento.

Timidez

- estado, condição ou característica de tímido; acanhamento excessivo.

- qualidade de quem é fraco, frouxo.

Realmente, bastante agressiva a definição de timidez no dicionário. Acho importante a gente tentar ressignificar ela. No lugar de “qualidade de quem é fraco, frouxo” podemos dizer que é a qualidade de quem SE SENTE fraco, frouxo. Entendo a timidez como bem próxima do medo, mas com a diferença de que, na timidez, a nossa maior preocupação é o que as pessoas vão pensar, se os nosso Guia vai bradar, se vai dançar, se vai dançar errado e as pessoas vão reparar, e por aí vai.
Neste ponto, a timidez é tão prejudicial quanto o medo, justamente pela paralisação. Não nos permitir caminhar por preocupação com o que as pessoas vão pensar, é pura perda de tempo. Se a nossa intenção for acertar, a gente sempre vai ter o amparo devido para nos corrigir e nos indicar o caminho certo da melhor forma. Se tivermos amortecido a nossa vaidade, uma exortação nunca nos ferirá. E o correto é que da mesma forma que a gente não gosta de ser apontado pelo nosso irmão, que a gente não aponte! Como disse anteriormente, o Espiritual se manifesta de forma única para cada um de nós, e temer a aprovação ou reprovação do outro é tão prejudicial quanto se dar ao direito de julgar a manifestação do outro porque não é como a sua! Vamos tomar cuidado com o nosso olhar para o outro. Vamos deixar que os Sacerdotes olhem o irmão. Vamos nos preocupar com a nossa entrega pessoal e sincera ao Espiritual.
               
  Julgamento

- jur ato pelo qual a autoridade judicante, após examinar os autos do processo e formar sobre ele um juízo, expõe e justifica sua decisão para a solução do conflito.
- jur a sentença de um juiz ou tribunal; decisão resultante de uma disputa judicial.
- jur audiência de um tribunal perante o juiz.
- apreciação crítica, opinião (favorável ou desfavorável) sobre alguém ou algo; juízo, parecer.

                    Apontei o significado de julgamento para falar sobre pré julgamento. Este seria basicamente o caminho contrário do apontado na timidez. No pré julgamento, eu me sinto no direito de julgar, apontar, criticar a manifestação do outro, a forma como o outro se coloca ou deixa de se colocar para o espiritual, a frequência do outro na Gira, etc. Resumindo, eu me sinto no direito de julgar a vida do outro. Um grave erro, que normalmente resulta em situações em que o médium é exposto involuntariamente e acaba sendo julgado da mesma forma. E essa inversão não acontece por vingança, mas por um princípio espiritual básico, e até bíblico: Lei do Retorno. Ou, biblicamente “Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois com o critério com que julgardes, sereis julgados; e com a medida que usardes para medir a outros, igualmente medirão a vós...” (Mateus 7:1,2).
                    Ou seja, o nosso pré julgamento sempre será a balança para o nosso julgamento. Vamos tomar cuidado.
               
Impaciência

qualidade, estado ou condição de impaciente; falta de paciência.

incapacidade para sofrer sem se desesperar ou para suportar algo molesto ou incômodo; irresignação.

                      A impaciência, na esmagadora maioria das vezes, é um imenso desrespeito. Quando esta impaciência se dá por conta de questões relacionadas a nós mesmos, à nossa mediunidade, é uma falta de respeito com o nosso próprio tempo, com o tempo que precisamos para nos alicerçar na nossa fé antes de sair para a “batalha”. Gosto bastante da ideia da casa para comparar com o desenvolvimento mediúnico. Antes de construir as paredes, precisamos firmar o fundamento da casa. Antes de construir o telhado, precisamos do fundamento firme e das colunas de sustentação... da mesma forma se dá com o nosso desenvolvimento mediúnico. Precisamos nos firmar nos fundamentos e nos alicerces antes de nos declararmos como prontos e nos aventurarmos ao trabalho espiritual. Caridade é algo muito sério para ser feito de qualquer jeito. E a nossa maior preocupação é com o bom desenvolvimento, com o desenvolvimento seguro e bem firmado de cada um dos nossos filhos.
                      Manifestações constantes não quer dizer nada se não forem acompanhadas de bons frutos de firmeza. Claro que as manifestações são sempre importantes, a meu ver, pois aumentam a sintonia com aquele Orixá/Guia, e quanto mais bem sintonizado eu estiver, melhor eu desempenho o meu papel quando eu for posto para a caridade. Mas a manifestação espiritual é a ponta de um iceberg. Além de uma manifestação aparentemente firme, precisamos de frutos de firmeza do Guia e do médium, e isso se dá invariavelmente com o passar do tempo. Impaciência só te leva para o caminho da frustração. Se cada um de nós entendermos que tudo tem o seu tempo (o que inclusive também é bíblico), poderemos aproveitar com muito mais intensidade todas as fases do nosso desenvolvimento. Teremos um fundamento bem feito, alicerces bem fundamentados e posteriormente, um belo telhado na nossa “Casa”. Afinal de contas, todos nós sabemos o que acontece se colocarmos a laje numa casa mal alicerçada, ou ainda se tiramos as escoras da laje antes do tempo...(para os desinformados, cai tudo na nossa cabeça...rs)

Inveja

desgosto provocado pela felicidade ou prosperidade alheia.
desejo irrefreável de possuir ou gozar o que é de outrem.

                      Acredito que, pela definição, a inveja dispensa comentários. A Umbanda é linda, e tudo nela chama a atenção. O cheiro, as cores, as danças, as manifestações, tudo. Mas toda essa beleza reservou uma experiência ÚNICA para cada um de nós. Cada um de nós terá respostas, contatos, sentimentos, movimentos ÚNICOS com o nosso Sagrado. Então, por que cargas d’água eu vou invejar a forma como o meu irmão manifesta o seu sagrado? Por que eu vou querer ter o Caboclo das Sete Montanhas de Xangô da Pedra Preta, se o meu irmão tem só o Caboclo Sete Montanhas? Posturas como essas acabam afastando o Caboclo Samambaia, que levaria experiências maravilhosas. Enfim, exemplos não faltariam.
                      O fato é que a inveja é a mãe de todos os males. Nossa Religião é toda doação. É se doar para o Espiritual para que ele se manifeste e atue nos outros. É receber doação do Espiritual para o nosso equilíbrio. É doar nosso tempo, nosso lazer, nossas energias, para que pessoas que muitas vezes nem conhecemos tenham um pouco de alívio de suas dores. E diante disso, como a inveja poderia nos ajudar? Precisamos entender e acreditar que cada um de nós é único. E para cada um de nós estão reservadas experiências únicas. Almejar as experiências alheias é um atraso para a própria vida espiritual.
                      Tudo isso para apontarmos os riscos nocivos aos vícios do ego, a que todos nós estamos sujeitos. Todos nós precisamos vigiar a todo tempo para não cairmos nestes vícios e não baixar nossa vibração, nos sintonizando com o que não se deve. O Espiritual é lindo, mas sério e sutil, e nós temos SEMPRE uma participação ativa em todo o processo de manifestação do espiritual na Terra. Mas então, qual seria o melhor remédio para não cairmos nestes desvios e contribuirmos ativamente para o nosso bom desenvolvimento, para a boa sintonia com o Espiritual de Luz?
                      Consciência e Prece. Consciência de que se fôssemos perfeitos nem teríamos encarnado. Eu não sou perfeito, a Mãe de Santo não é perfeita, os Ogãs não são, nem os Cambonos, nem os médiuns de trabalho, nem os de desenvolvimento, nem a Assistência. Precisamos ter a consciência de que SEMPRE teremos o que corrigir em nós. Sempre temos o que aprender, o que crescer. E a prece? Prece é benéfica a todo tempo, mas uma forma eficaz de evitar a quebra da boa sintonia durante a Gira é sempre entrar em prece pedindo para que sejamos apenas bons instrumentos, que o nosso ego seja calado naquele momento, que o Espiritual tenha liberdade para se manifestar em nós da forma mais pura possível. Uma prece simples dessa pode evitar muitos males, se feita sempre no início da Gira. Com o passar do tempo, automaticamente esta prece vai se ampliando para o momento em que a gente acorda, para o momento em que alguém nos pede ajuda numa conversa no trabalho, na rua, no ônibus, e a gente acaba percebendo que a luz que a gente busca na Umbanda nos acompanha a todo tempo, e a todo tempo somos chamados para sermos instrumento.
                      Que a gente tenha consciência da importância de uma boa sintonia com o Alto com a maior constância possível. Que a gente tenha consciência que a Caridade não é feita somente quando a gente está de bom humor, ou quando tudo está maravilhosamente bem na nossa vida. Que a gente tenha consciência que o nosso chamado é grande, mas se faz com humildade, diariamente. E que ninguém nos obriga a absolutamente nada. Se nós não quisermos a humildade, a compaixão, o amor, a paciência, a fé, estas não vão arrombar as portas do nosso coração e nos mudar à força. É preciso que a gente abra a porta. Que a gente abra as portas do nosso coração para que Deus nos contemple com as maravilhas que Ele guardou para cada um de nós, de forma única. E que a prece seja a nossa maior ferramenta de mudança. Vamos aprender a fazer prece!
                      Para encerrar, deixo mais uma passagem bíblica, com mais um ensinamento de Pai Oxalá para nós, para refletirmos. "Pedi e recebereis; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Pois todo aquele que pede, recebe; quem procura, acha; e a quem bate, a porta será aberta" ( Mateus 7:7). O Espiritual espera que façamos a nossa parte, que nos coloquemos na posição de instrumento, para que o Espiritual haja em nós e através de nós.

Que Oxalá nos abençoe e nos ampare nessa caminhada.

Saravá!


Pai Eduardo Salles