segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

O que a Umbanda tem a oferecer?

Salve, meu povo!

E lá vamos nós para a nossa primeira dinâmica do ano: O que a Umbanda tem a oferecer?

Este é o terceiro texto que eu escrevo sobre este tema. Os outros dois foram miraculosamente apagados, contrariando a habilidade deste blog de salvar tudo automaticamente nos rascunhos. Tem sido difícil colocar em palavras a contradição entre o pouco que eu recebi de resposta com esta dinâmica (menos de um terço da Corrente) e a realidade com a qual tenho me deparado neste quase um ano de funcionamento ininterrupto da Tenda de Benedito.

Primeiro, a nossa realidade: pensamentos egoístas, competições desnecessárias, posturas físicas e espirituais incoerentes com os nossos fundamento, exagero, desejos incabidos, e por aí vamos. São diversas demandas com as quais temos que lidar como sacerdotes e que certamente não são exclusividade da nossa Tenda. Temos aprendido muito com tudo isso.

Mas então... O que a Umbanda tem a nos oferecer?

Aparentemente, vendo a postura da maioria das pessoas ao se depararem com o Terreiro, nos parece que na cabeça dessas pessoas, a Umbanda tem a nos oferecer a solução de todos os nossos problemas. Me parece que são responsabilidades da Umbanda: caminhos abertos, pra que eu enriqueça rápido; cura imediata das minhas doenças físicas; plenitude imediata nos meus relacionamentos; saltos espirituais gigantescos; vamos parar na superfície. Não vale a pena aprofundar. Como sacerdote, tenho visto posturas que indicam serem esses os anseios de tantas pessoas que cruzam as portas da nossa Tenda, tanto a nossa assistência quanto muitos dos nossos médiuns. Se esquecem que são parte ativa no processo de conquista de tudo isso citado aí em cima. Ou seja, pra que eu tenha caminhos abertos, eu preciso me esforçar, arregaçar as mangas e ir pra luta, e principalmente aniquilar as posturas que mantém meus caminhos fechados... E mesmo assim, enriquecer nunca será por um passo dado no Espiritual; para que eu atinja a cura das minhas doenças, eu preciso me tratar, oras. Seja num tratamento espiritual, caso minha doença tenha cunho espiritual, ou num médico, caso seja uma doença física. Mas em ambos os casos, ainda assim eu teria que ter algumas mudanças de postura; plenitude no relacionamento é algo que se constrói com muito esforço, alguma renúncia e muito respeito. O Espiritual não faz por você o que cabe a você fazer; sobre os saltos espirituais, um segredo: mediunidade é carma! Ninguém recebe o anúncio de médium e deve esperar se tornar o próximo
David Copperfield da Umbanda! Ser médium não é fácil muitas vezes, principalmente no início do desenvolvimento mediúnico. Aprender a lidar com um sentido novo, que muitas vezes não interage com os demais que a gente já conhece, mas que influencia todo o corpo, não é tarefa fácil. Se abre uma porta espiritual para que toda a espiritualidade se manifeste, seja boa ou ruim, e sempre será assim, pois este é um dos principais fundamentos da nossa religião: "Aprender com os que sabem mais, ensinar aos que sabem menos, e a nenhum virar as costas.".

Mas então, se a Umbanda não é o mercado de milagres que muitos pregam, se não é aquele lugar em que os espíritos estão sempre dispostos a atender a todas as nossas vontades egoístas, o que a Umbanda tem a nos oferecer?

Pois é, meus caros. A Umbanda nos dá força. Nos dá força pra lutar pelos nossos relacionamentos, nos dá força para nós abrirmos o nosso caminho, nos dá força para aprendermos a lidar com toda essa ferramenta cármica que é a mediunidade. A Umbanda tem a audácia de tirar de nós toda a nossa máscara, as nossas armaduras, e nos fazer permitir ser quem nos verdadeiramente somos, para então tentarmos uma auto transformação. Mas a Umbanda é tão respeitosa, mas tão respeitosa, que só nos despe se a gente se abrir a isso. Caso contrário, ficamos pairando no Terreiro como um corpo inerte, boiando num mar à deriva, vendo os que estão à nossa volta seguirem, e nos perguntamos "o que estamos fazendo aqui? Por que isso não acontece comigo?". Um médium que esqueceu de se abrir ao espiritual, que preferiu sentar e esperar as coisas acontecerem...esqueceu que precisa ser ativo no processo, que Deus não manda nada de paraquedas pro nosso colo.

Enfim, a Umbanda me oferece a Fé de Oxalá, a Justiça e o Equilíbrio de Xangô, o Amor de Oxum, a Força de Ogum, a Consciência de Iemanjá, a Fartura e o Conhecimento de Oxóssi, o Movimento de Iansã, a Resignação de Nanã, a Transformação de Omulu, a Alegria da Beijada, o Vigor dos Caboclos, a Sabedoria dos Pretos Velhos, a Proteção dos Exus. Mas pra gente receber tudo isso, a gente tem que querer! Tem que fazer por onde! Tem que fazer a nossa parte! NUNCA vamos receber nada de graça.

Que a partir de hoje, a gente possa adquirir o hábito de nós questionarmos se estamos agindo certo com a Umbanda. Não com o sacerdote, mas com a religião. Se estamos respeitando o chão que a gente pisa, respeitando os fundamentos que abraçamos, se estamos fazendo a nossa parte. E, principalmente, que possamos refletir todo dia sobre o tema da nossa próxima dinâmica: O QUE EU TENHO A OFERECER À UMBAMDA?

Saravá, meu povo.